Plano de expansão da Shell destaca etanol e petróleo no País

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O crescimento nas áreas de petróleo e etanol do Brasil faz parte da estratégia de negócios da Shell para os próximos anos. A empresa anunciou ontem um plano global de investimentos de US$ 100 bilhões até 2014. Apesar de não divulgar os aportes a serem realizados em cada país, o presidente da empresa, Peter Voser, disse que está "entusiasmado" com os projetos no Brasil.

Maior operadora estrangeira atualmente no País, a Shell descobriu petróleo na região do pré-sal no ano passado, e agora está realizando nova perfuração na área. Conforme Voser, é algo menor do que Tupi, na linha de "centenas de milhões de barris, e não de bilhões de barris".

A companhia mostra interesse em comprar novas áreas. "Estamos esperando pelas próximas rodadas para que possamos participar", disse. "Certamente vamos olhar para isso."

A estratégia para o setor de etanol vem com a joint venture fechada com a Cosan, batizada de Raízen. Segundo Voser, o objetivo é desenvolver o biocombustível para o mercado interno e também para a exportação.

O principal mercado alvo é a Europa, mas a intenção também é vender o etanol brasileiro para os Estados Unidos, tarefa considerada mais difícil pelas barreiras impostas por aquele país. "Estamos tentando convencer os Estados Unidos a reduzirem a tarifa de importação", disse.

Globalmente, a Shell manterá investimentos no etanol de cana-de-açúcar e nos biocombustíveis de segunda geração. A empresa decidiu descartar a produção com base no óleo de palma, "por questões ambientais".

Preços. Peter Voser disse acreditar que o preço do petróleo entre US$ 80,00 e US$ 90,00 o barril "seria bom" para a economia global. "Essa é a faixa desejada pela Opep e acho que eles estão bem equipados para conduzirem a cotação para essa linha", afirmou. O petróleo WTI chegou à casa dos US$ 105,00 recentemente, em razão da violência no mundo árabe. A redução da produção na Líbia trouxe a possibilidade de um choque de oferta.

Voser avalia que a Opep tem capacidade suficiente para compensar o fornecimento da Líbia e de outros países menores da região. Ele avalia que, no momento, a maior preocupação do setor está na outra ponta, com a possibilidade de desaceleração da demanda provocada pelo terremoto no Japão.

Depois da alta recente, o petróleo reagiu em forte queda aos desdobramentos da tragédia ocorrida na sexta-feira. "Teremos mais volatilidade nos preços do petróleo", avalia. Ele lembra que, no passado, o mercado físico respondia por 75% do volume do setor, enquanto os contratos financeiros se restringiam a 25%. "Hoje, é o contrário."

O executivo avalia que é difícil calcular o peso da especulação nos preços do petróleo, mas estima que a cotação atual do barril embute um prêmio de risco de cerca de US$ 20,00.

O Estado de S. Paulo