Preço do petróleo recua após notícia de que Opep pode elevar produção

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A afirmação do ministro do Kuwait Sheikh Ahmad al-Abdullah al-Sabah de que a Organização dos Exportadores de Petróleo (Opep) está considerando um aumento da produção fez os preços do petróleo recuarem ontem, um dia depois de atingirem o maior nível em quase 30 meses. O ministro da Arábia Saudita, Ali Naimi, disse que o país está preparado para agir e tem um excesso de capacidade de produção de 3,5 milhões de barris por dia. O movimento ajudou a aliviar a preocupação do mercado e Wall Street avançou, influenciada também pela alta nas ações do setor bancário.


O preço do barril do tipo leve americano caiu 0,39%, para US$ 105,02, enquanto o contrato para abril do barril do Brent teve queda de 1,62%, para US$ US$ 113,32. Se a Opep realmente elevar a produção, este será o primeiro aumento oficial do grupo em mais de dois anos.


— Estamos em consultas para um crescimento potencial da produção — apontou al-Sabah, acrescentando, no entanto, que o grupo ainda não tinha tomado nenhuma decisão.


No último domingo, o chefe de Gabinete da Casa Branca, Bill Daley, afirmou que a administração Obama está considerando usar as reservas estratégicas americanas de petróleo como uma das formas de aliviar os preços globais da commodity.


Previsões para Bank of America impulsionam papéis


Diante do embargo americano aos negócios com a Líbia, empresas europeias não estão conseguindo comprar petróleo das refinarias ainda em operação no país, e os negócios estão virtualmente paralisados. Isso ocorre porque os bancos se recusam a intermediar os negócios com contratos de dólar na Líbia.


— Os bancos não querem financiar o sistema financeiro na Líbia, então, no momento, ninguém está conseguindo dinheiro para petróleo. Está havendo grandes problemas para pagamentos — disse o operador de uma empresa de petróleo.


Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones avançou 1,03%, enquanto o S&P 500 ganhou 0,89%. Nasdaq subiu 0,73%. Com o alívio no preço do petróleo, o setor bancário foi o principal destaque de Wall Street, depois de o diretor-executivo do Bank of America, Brian Moynihan, estimar que o banco pode vir a ganhar entre US$ 35 bilhões e US$ 40 bilhões em um ano, antes de impostos. Além disso, afirmou que vai retornar “cada dólar” para seus acionistas, através de dividendos regulares, compra de ações e distribuições especiais de dividendos. As ações do Bank of America dispararam 4,7%, puxando outros papéis do setor.


Acompanhando o recuo no preço do petróleo, as ADRs (recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York) da Petrobras recuaram ontem 2,38%, para US$ 40,58. Na Europa, as principais bolsas fecharam em leve alta. O índice DAX, de Frankfurt, subiu 0,1%, mesmo percentual do FTSE 100, de Londres. Já o CAC-40, de Paris, ganhou 0,6%.


Julgamento de fraude em Wall Street


Começou ontem o julgamento do fundador do hedge fund Grupo Galleon, Raj Rajaratnam, acusado de lucrar ilegalmente US$ 45 milhões ao vender ações com base em informações privilegiadas (inside information). Rajaratnam, que chegou a administrar US$ 7 bilhões, pode ficar até 20 anos na prisão se condenado.


A lista de testemunhas potenciais ou pessoas citadas no julgamento tem 102 nomes. Antigos amigos e sócios estão no grupo, que inclui executivos de destacada posição nos Estados Unidos. A ação do banco Goldman Sachs é uma das 35 citadas no processo, embora o banco não seja acusado de nada.

O Globo