Produção de carros já sobe 14% no ano
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A produção de carros no Brasil cresceu 13,7% de janeiro a agosto, enquanto as vendas caíram 1,2% no mesmo período, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Os números, que à primeira vista podem parecer contraditórios, na realidade são um efeito da redução da participação dos veículos importados no mercado brasileiro, reflexo direto de programas de governo.
Segundo dados de mercado, a participação total do veículo importado no mercado nacional caiu de 23,6% para 18,6%, ou 5 pontos porcentuais entre 2011 e 2013. Esses números contemplam tanto os veículos trazidos por montadoras quanto pelas importadoras. A fatia das compras externas de empresas que ainda não têm fábricas no País – como JAC, Land Rover e Kia – está hoje em 4%. Há dois anos, chegou a 5,8%.
Entre os motivos por trás desse movimento está a alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 30 pontos porcentuais para os veículos importados, que prejudicou as importadoras. Outras duas decisões do governo afetaram as montadoras: a redução da cota de importações do México e a criação do Inovar-Auto, que ampliou vantagens às companhias que produzem no País. Mais recentemente, a alta do dólar passou a reforçar essa redução de importações.
Entre as importadoras, a decisão do governo praticamente inviabilizou o negócio das empresas que traziam carros da China em grande quantidade. “Esse modelo foi inviabilizado, pois o governo definiu uma cota de 4,8 mil veículos por ano para cada empresa com o IPI antigo”, diz Flávio Padovan, presidente da Abeiva, associação que reúne os importadores de automóveis. “O preço dos importados mais populares deixou de ser competitivo.”
Entre as montadoras com fábrica no Brasil que traziam veículos de outras subsidiárias, a estratégia tem sido nacionalizar as linhas de maior volume de vendas. A Ford trouxe a linha de produção do New Fiesta para o País. A empresa, que chegou a perder a quarta posição no ranking de veículos para a Hyundai, recuperou-se ao fabricar o New Fiesta por aqui, reduzindo o preço de venda do automóvel.
“Em todo o ano passado, vendemos 30 mil unidades do New Fiesta importado do México”, diz Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford para a América Latina. “Desde que começamos a produzir o veículo no Brasil, vendemos 16 mil unidades em quatro meses.”
O mesmo caminho deve ser trilhado pela Nissan, que hoje traz o March – seu campeão de vendas – do México. A empresa já anunciou que passará a fabricar o veículo localmente, em Resende (RJ), a partir de 2014.
Para Golfarb, a venda de veículos de grande volume no País só é viável com produção local. “Sabemos que o governo não vai abrir mão de uma indústria saudável no País”, diz o executivo. A importação, segundo ele, é usada só para veículos de alto valor agregado, como o Fusion.
Exportações. Segundo a Anfavea, as exportações também estão em alta: a projeção da entidade é de uma expansão de 20% em volume e de 8,8% em valores em 2013. Segundo o Estado apurou, porém, a maior parte do excedente vai para a Argentina, onde os carros brasileiros têm entrada facilitada. “Não houve nenhum ganho de competitividade”, diz uma fonte.
O Estado de S. Paulo