Produtores de etanol e governo discutem estoques na quarta

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Produtores de álcool se reúnem na quarta-feira com o governo para discutir estoques e o abastecimento na entressafra. Segundo Antônio de Pádua Rodrigues, da Unica, a oferta para mistura à gasolina está garantida. No caso do etanol hidratado, ele admite ajustes de preço para equilibrar o mercado.

Os valores já sobem. Até em São Paulo, grande produtor, o álcool ameaça perder competitividade. Segundo a ANP, o preço médio na bomba ficou em R$ 1,70 por litro entre 26 de dezembro e 1º de janeiro - o equivalente a 68% do valor médio da gasolina, de R$ 2,49.

Por outro lado, o setor tem-se esforçado para garantir que não haverá desabastecimento de ácool no País. "O que foi produzido nesta safra é suficiente para atender a demanda, sem risco de faltar. O mercado está equilibrado entre oferta e demanda", afirma Adriano da Silva Dias, superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar).

Ele critica a falta de atitude do governo federal de não manter estoques reguladores de álcool como forma de atender o mercado numa emergência. "Aí temos a volatilidade dos preços pela falta desses estoques. Isso gera insegurança no mercado e no consumidor", diz.

Sérgio Prado, representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, que congrega as usinas de açúcar, etanol e bioeletricidade da Região Centro-Sul do Brasil, também descarta o risco de faltar etanol no mercado interno. Ele argumenta que em 2009/2010 a produção de etanol no centro-sul ficou em 23,6 bilhões de litros e que 2010/2011 deve fechar com 25,5 bilhões de litros. "Está certo que o consumo está aquecido pelo crescimento do número de carros flex, mas ainda não há consumo além do que é produzido", diz Prado. Ele argumenta ainda que o preço do etanol nas usinas está caindo.

Em 20 de janeiro de 2010, Prado destaca que o litro de etanol custava R$ 1,20 ao sair da usina [sem imposto e sem frete], e ontem o combustível [na mesma situação] estava em cerca de R$ 1,10. "Há estoques da safra de 2010 que, por contrato, têm de ser colocados no mercado agora. A lógica é que essa redução de preço seja repassada ao consumidor. Se houvesse risco de faltar álcool, não haveria queda de preço", completa. Prado diz que a proporção de cana processada para a produção de açúcar e de álcool mantém-se equilibrada. Segundo ele, na safra 2009/2010 no centro-sul, 42,59% foram destinados ao açúcar, e 57,41%, ao etanol. Em 2010/2011, os índices devem fechar em cerca de 44% e 56% respectivamente. (DCI)