Queda do preço do etanol deve continuar; entenda

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Repórter MT
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Em meio à crise sanitária e econômica, causada pela pandemia do novo coronavírus, os motoristas de Cuiabá e Várzea Grande tiveram grata surpresa desde o início desta semana, quando o preço do etanol na bomba caiu significativamente. Conforme apurou o  REPÓRTERMT, o combustível que chegou a ser vendido a R$ 4,20 na semana anterior, hoje já pode ser encontrado a R$ 3,49 em alguns postos. Na maioria dos estabelecimentos, o etanol varia entre R$ 3,50 e R$ 3,70.

De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sidalcool MT), Jorge Santos, a queda diária no preço dos combustíveis é devido a alguns fatores, que unidos desencadearam essa redução de cerca de 20%. A primeira informação repassada pelo diretor foi que um determinado posto na Avenida Getúlio Vargas, região central da Capital, fez uma promoção ‘completamente fora de padrão’ e comercializou o combustível a R$ 3,19. O ato pressionou a concorrência a reagir.

Outro fator foi a redução em R$ 0,14 no preço praticado pelas usinas na semana passada, que refletiu para o consumidor nesta semana, contribuindo para a baixa do preço. Isso, provavelmente, devido à safra da cana-de-açúcar que está começando, inclusive com duas unidades já começando a operar nesta quinta-feira (1º) e outras, iniciando os trabalhos ao longo do próximo mês.

A partir daí, o estado começa a produzir etanol de milho e cana-de-açúcar, aumentando a oferta do combustível, que até esse momento estava sendo derivado da safra do grão e de estoques ‘da safra passada’ de cana. Para tentar ‘desovar’ esse combustível derivado de cana da última safra, as usinas baixaram os preços para conseguir vender mais e não perder o produto.

Jorge ressaltou ainda que houve uma redução de mobilidade da população, consequentemente menos consumo forçando a baixa de preço. “O etanol é uma commoditie, nós não ganhamos no preço, ganhamos no giro do produto. Quanto mais nós vendemos, mais ganhamos dinheiro, como é com o milho, a soja, etc.”, explicou o diretor.

De acordo com uma análise econômica, neste período do mês é quando os empresários de todos os segmentos mais precisam de liquidez financeira, pois, o quinto dia útil está batendo à porta e os salários dos funcionários precisam ser pagos. Levando isso para a nossa pauta, estamos falando de trabalhadores em todas as etapas, desde as unidades produtoras até os funcionários dos postos de combustíveis, passando pelas distribuidoras. Ou seja, um esforço coletivo de todas essas esferas por liquidez e garantia do pagamento do trabalhador.

Considerando este fato, a mão de obra utilizada nas usinas é de altíssima qualificação, consequentemente com profissionais muito valorizados e com salários entre os mais bem pagos da agroindústria.

Perspectivas de futuro

Com o início da safra da cana mais a segunda safra do milho, que está em andamento, a oferta de etanol será bem maior, o que pode fazer o preço do combustível baixar mais ou pelo menos estabilizar, ainda considerando a pandemia que continua impactando numa menor circulação de veículos. “Vai haver uma maior oferta, é claro, e tem uma lei na economia que quando a oferta é maior que a demanda o preço tende a cair. Entre abril, maio e junho do ano passado, período que vamos começar a atravessar agora em 2021, que é o início da safra da cana-de açúcar, o preço do etanol desabou porque o consumo àquela época caiu 60% e como não tem como esperar para colher, porque senão o produto perde em qualidade, o combustível foi produzido e vendido mais barato”, relatou Jorge.

Porém, tudo vai depender do desempenho da safra e custo de produção do combustível, pois, com a alta do dólar, que impacta diretamente nos fertilizantes e defensivos agrícolas e no Diesel, que é o combustível usado para o maquinário agrícola plantar, colher e depois as carretas transportarem.

No caso do milho, ainda, é aguardada o fim da segunda safra com “boas notícias”, já que a saca, que era vendida para as usinas a R$ 22 entre janeiro e fevereiro de 2020, hoje está cotada a R$ 70, mais do que triplicando o preço da matéria-prima e o custo da produção. “Não tem jeito, o custo aumenta o combustível fica mais caro, não tem milagre na economia”, concluiu o diretor.