Revenda abre mão de caixas eletrônicos
Uma quadrilha arrombou um caixa eletrônico do Banco do Brasil que fica no interior de uma loja de conveniência de um posto de revenda de combustíveis, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. No entanto, segundo o proprietário do estabelecimento, Fernando Vasconcelos, eles não conseguiram levar o dinheiro. A tentativa de assalto usando explosivos ocorreu na madrugada desta segunda-feira (19).
Segundo informações da Polícia Civil e do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro de Mato Grosso, já são 69 casos de assaltos a caixas eletrônicos no estado e somente neste ano.
Esse tipo de crime em postos de revenda de combustíveis de Mato Grosso tem levado muitos empresários a solicitarem a retirada dos equipamentos. “Eu mantive por muito tempo um caixa eletrônico na conveniência do meu posto. O serviço estava previsto em contrato com uma franquia de conveniência. O meu posto recebia em torno de R$ 150,00 por mês pelo serviço. Mas é um valor irrisório diante da situação de insegurança”, explica Luiz Mauro, proprietário do Posto Dom Bosco, na Avenida Dom Bosco, em Cuiabá.
O empresário considera que contou com a sorte ao sofrer uma tentativa de assalto. Na madrugada do dia 4 de julho, ao menos seis homens fortemente armados chegaram a explodir a frente de um caixa eletrônico usando o artefato conhecido como “emulsão” – equivalente a uma bomba de dinamite. Os bandidos arrebentaram apenas a frente do equipamento, não tendo acesso ao cofre. Um segurança foi rendido. “Por sorte, não houve maiores danos”, diz o revendedor.
Não só os proprietários de postos carregam o receio de manter os caixas nos seus empreendimentos. O temor também existe entre os funcionários. O revendedor Paulo Borghette por diversas vezes foi vítima da violência. Após diversos assaltos e a tentativa de explosão de um caixa eletrônico, então localizado no pátio do posto Novo Mato Grosso da Avenida Fernando Correa, ele decidiu retirar a máquina. “Meus funcionários foram ameaçados e tive de pedir à instituição bancária que retirasse o equipamento no intuito de preservá-los e evitar pedidos de demissão em massa”, explica Paulo.
Borghette ainda manteve um caixa eletrônico no Posto Seminário, localizado na Prainha, visando melhor atendimento ao intenso movimento na conveniência. Para ele, a retirada dos equipamentos representa um pouco mais de segurança, mais tem efeitos colaterais: a redução do movimento e até nas vendas. “Muitos clientes entravam na loja para fazer o saque e acabavam consumindo algum item. Mas o serviço foi desativado após assalto à caixa eletrônico, na Galeria Itália, em Cuiabá. A morte de quatro pessoas assustou a todos e incentivou o dono a desativar o serviço de banco”, destaca uma funcionária do Posto Seminário.
Para o presidente do Sindipetróleo, Aldo Locatelli, os varejos que sentirem ameaçados devem sim solicitar a retirada dos caixas, para evitar riscos maiores.
Em risco permanente
Postos de combustíveis são considerados alvos fáceis para os assaltantes. Afinal, são estabelecimentos abertos e com intenso fluxo de pessoas. Os assaltos são tão frequentes que nem mesmo existem estatísticas oficiais a respeito. A Polícia Civil contabiliza os boletins de ocorrência registrados nos primeiros seis meses do ano, mas, para o sindicato que representa os postos, os números não condizem com a realidade.
Segundo a Polícia, postos e lava-jatos de Cuiabá sofreram 114 roubos e furtos no primeiro semestre deste ano e 103 em 2010. Já Várzea Grande, contabiliza 42 crimes neste ano e 36 no seis primeiros meses de 2010. Em contato com alguns dos mil revendedores, o Sindipetróleo enumera 300 assaltos em todo o Estadono primeiro semestre de 2011, isso sem contar os furtos. “Todos os dias recebemos relatos de assaltos. Infelizmente, muitos revendedores sequer chegam a fazer o boletim de ocorrência por vários motivos. A sensação de impunidade é uma causa”, explica Locatelli.
O presidente do Sindipetróleo afirma ainda que existe a expectativa de redução da incidência de crimes com a ampliação do número de policiais nas ruas. “Investir em segurança privada gera um custo muito alto. Muitas vezes resta aos empresários contar com mais rondas policiais nas ruas”, salienta.
Simone Alves - Ass. Sindipetróleo
Foto: Ilustrativa - Divulgação