Sem novas refinarias, abastecimento entra em crise
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A produção em capacidade máxima das unidades aponta também para uma saturação do parque nacional de refino. À espera de quatro novas refinarias anunciadas pela Petrobrás, mas nem todas confirmadas por causa de custos bilionários, o País poderá viver um déficit ainda maior no processamento de derivados. A paralisação da Repar é um exemplo do efeito cascata no comprometimento da cadeia de distribuidores.
A Nacional Gás, que distribui gás de botijão a revendedores de todo o País, apelou para importação de outros Estados e teve reduzida sua capacidade de venda para 60%. “Estamos trazendo gás de fora, de carreta, imagina o custo disso. Mas não podemos deixar de abastecer clientes da indústria, hospitais e condomínios que têm contratos firmes”, disse o gerente comercial da Nacional Gás, Mauro Jans.
Na avaliação do professor da Coppe/UFRJ, Alexandre Szklo, as unidades em funcionamento, construídas nas décadas de 60 e 70, precisam passar por reformas e expansão para garantir o atendimento da demanda crescente. “As refinarias têm condições de operar em nível de utilização alto, mas isso tem um tempo limite.”
“Hoje a Petrobrás já tem um déficit no refino de derivados. Sem uma expansão, corremos o risco de um processo de ‘mexicanização’, em que exportamos petróleo e importamos derivados com alto valor agregado. Se o parque não passar por ajustes e adequação, ele não suporta”, completa.
Anunciadas para operar a partir de 2014, inicialmente as novas refinarias planejadas pela Petrobrás despertam incertezas entre os analistas. Duas delas, no entanto, estão confirmadas. A Abreu e Lima (também chamada de Rnest), em Pernambuco, tem a primeira de duas unidades prevista para operar a partir de novembro de 2014. Em 2015 será a vez da primeira unidade do Comperj (Rio) entrar em operação.
Mas as demais “estão em compasso de espera e sendo reavaliadas”, segundo Szklo. Nessa conta estão a segunda unidade do Comperj e as refinarias Premium I e II, no Maranhão e Fortaleza, respectivamente. Ao assumir a presidência da Petrobrás no início de 2012, Graça Foster declarou que não queria repetir com as novas refinarias o exemplo da Rnest. Projetada em 2005 para ser uma associação entre os governos de Lula e do venezuelano Chávez, deveria custar US$ 2,3 bilhões e, hoje, com anos de atraso nas obras, está orçada entre US$ 17 bilhões e US$ 20 bilhões.
A Petrobrás contratou uma consultoria americana para revisar os projetos das Premium, aguardadas pelos governos de Maranhão e Ceará pelos investimentos e empregos que vão gerar. Uma parceria com a chinesa Sinopec é estudada. Graça disse esperar abrir licitação para contratar fornecedores a partir de março de 2014, mas ainda não há garantia de que as refinarias sairão do papel.
16/12/2013