Setor automotivo quer novo programa para renovar frota de caminhões
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ( Anfavea ) quer um programa de renovação da frota de caminhões do país. Em um momento que o setor começa a apresentar uma recuperação nas vendas, a entidade finaliza um estudo para apresentar ao governo federal e iniciou negociações com o governo paulista.
Para retirar 230 mil caminhões com mais de 30 anos das ruas – mais de 10% da frota nacional de 2 milhões de caminhões – a entidade estuda até o fim da gratuidade do IPVA para veículos mais velhos. Atualmente, os estados concedem esse tipo de isenção. Segundo a entidade, isso se torna um atrativo para veículos mais poluentes e menos seguros:
— Isso é um incentivo ao caminhão velho, só existe no país. No Brasil, um caminhão de 30, 40 anos pode valer R$ 40 mil — afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, durante a abertura da 22ª edição do Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga (Fenatran).
A proposta de acabar com a isenção do IPVA para veículos velhos precisa ser bem estudada, pondera o executivo.
– Não posso chegar para alguém que tem um caminhão de 40 anos, e vive disso, pedir para entregar seu bem e obrigá-lo a comprar um caminhão novo — disse Moraes. — A solução tem que ser economicamente sustentável e socialmente aceita.
Na abertura do evento, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que vai criar um grupo de estudos para avaliar o tema. A primeira reunião ficou prometida para a próxima semana.
A proposta de criação de um programa para renovação da frota de caminhões surge em um momento de retomada do setor. Depois de vender 76 mil caminhões em 2018, a Anfavea estima que serão vendidos 103 mil caminhões neste ano. O número ainda está longe do recorde de 172,9 mil de 2011, mas já seria o dobro do piso do setor – 50,6 mil caminhões vendidos em 2016, auge da recessão.
Moraes explica que o setor tem mudado. No acumulado deste ano, os veículos pesados correspondem a 51% do volume de vendas, puxado pelo agronegócio, contra 32% em 2015.
— Estamos vivendo um novo cenário, com queda de juros e mudança no financiamento. No passado o Finame (programa de financiamento do BNDES) chegou a responder por 90% das vendas, hoje está em 30% — disse o presidente da Anfavea.