Setor de combustíveis discute qualidade do diesel
A adição de biodiesel ao óleo diesel deverá ser um tema permanente na pauta de discussões do setor de combustíveis ao longo de 2012, principalmente diante da possibilidade de se ampliar o percentual do biocombustível no óleo derivado de petróleo.
Hoje, o óleo diesel revendido no país contém 5% de biodiesel. A expectativa dos produtores é de que esta mistura alcance 10%. Contudo, entre a revenda e os distribuidores, há o temor de que esta mudança agrave a formação de borra nos motores e peças dos veículos. “A revenda não é contra a alteração, mas vê a necessidade de melhorar as especificações do biodiesel. Almejamos que este processo ocorra com maior segurança para o consumidor final”, pontua o diretor-executivo do Sindipetróleo (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de Mato Grosso), Nelson Soares Júnior.
O início das discussões neste ano foi marcado por uma audiência pública, promovida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no último dia 16. Nesta reunião, diversas entidades empresariais expuseram sugestões que visam garantir a qualidade do biocombustível.
Na ocasião foram apresentados estudos acadêmicos que confirmam a suscetibilidade do biocombustível perder viscosidade devido à capacidade de absorção de água. Ao perder a viscosidade, uma espécie de borra pode se formada. Esta alteração na consistência do produto final pode causar danos aos motores dos veículos, além de obrigar os postos a intensificarem a limpeza de tanques e trocas de filtros.
Sugestões
Na audiência, entidades patronais apresentaram levantamentos sobre os padrões de produtos oferecidos pelas usinas de óleos vegetais. Com a provável diversificação de produtores e matérias-primas a servirem de base para a fabricação de biodiesel, esses estudos poderão ser repetidos em bases mais amplas, conforme sugestão de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e da Universidade de São Paulo (USP).
A Associação de Produtores de Biodiesel (Aprobio) reforçou a necessidade de padronização dos estudos de laboratórios para que não haja resultados divergentes. Já o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) defendeu a criação de um selo verde e a revisão do Programa Nacional do Biodiesel.
A União Brasileira de Biodiesel (Ubrabio) defendeu a redução gradual do teor de água no biocombustível, que passaria dos atuais 500ppm (partes por milhão) para 350ppm em 60 dias e chegaria a 200ppm, padrão proposto pela ANP, em janeiro de 2013. Com isso, as chances de contaminação do biodiesel seriam reduzidas. Neste sentido, a Fecombustíveis apoiou a realização de pesquisas.
Todas as sugestões registradas na audiência pública serão analisadas para ANP, que divulgará a conclusão da nova resolução em prazo oportuno. O relatório desta audiência é que vai provocar alteração da Resolução nº 7/2008/ANP, que estabelece especificações para o biodiesel. (Assessoria Sindipetróleo com informações da ANP) Foto: Ilustração