Venda de etanol cresce e deve reduzir importação de gasolina
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Desde que o preço do etanol começou a cair nas bombas dos postos, de maio para cá, as vendas do combustível derivado da cana-de-açúcar chegaram a aumentar até 20% em Belo Horizonte. A alta na demanda foi verificada pelo Sindicato Nacional dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom), que representam empresas que respondem por cerca de 60% do mercado. O incremento, na média nacional, foi de 24% em junho frente igual mês de 2012, sinalizando uma mudança nos hábitos dos motoristas que irá ajudar a diminuir o excedente de açúcar no mercado global e reduzir a dependência do país por gasolina importada.
Na capital mineira, o Posto Wap, na Vila Futuro, na região Noroeste, foi um dos estabelecimentos que verificou a expansão nas vendas, segundo o gerente Eduardo Rocha. "Com o preço mais atrativo, a demanda cresceu bastante, a partir de junho, por volta de 20%", conta. Para ele, o consumo só não é maior pelo fato de que muitos consumidores têm o hábito de colocar apenas gasolina.
Outro posto que verificou alta na comercialização do combustível foi o Posto Miramar, no Barreiro, conforme o gerente Luis Carlos dos Reis. "O crescimento na comercialização, que está na casa dos 15%, aconteceu desde junho, quando o valor cobrado pelo litro caiu", diz. Apesar do aumento na procura, o gerente ressalta que a gasolina ainda é a campeã de vendas entre os combustíveis. "A preferência de muitos consumidores ainda é pela gasolina", observa.
No Posto Sapucahy, na Floresta, região Centro-Sul de Belo Horizonte, a demanda pelo etanol também aumentou, porém o percentual não foi elevado, de acordo com a gerente Rita Franco. "O incremento deve ter ficado entre 2% e 3%", disse. Para ela, apesar do preço mais atrativo, o etanol ainda é encarado com desconfiança por muitos consumidores. "Conheço gente que tem carro flex, mas nunca abasteceu com etanol".
Na mesma região, mas no bairro Luxemburgo, o posto que leva o nome do bairro registrou elevação na procura pelo combustível, segundo o gerente Sebastião Soares de Oliveira. "Não tenho percentuais, mas é fato que a demanda pelo etanol aumentou desde junho com a queda no preço", ressalta. Ontem, o motorista Adriano José Nunes abasteceu o carro da empresa com etanol. "Escolho esse tipo de combustível toda vez que está mais barato", diz. Para ele, é importante o consumidor ficar atento aos preços e fazer as contas. "Em muitos postos, tenho visto o álcool mais barato", disse.
Excedente de açúcar contribui
Diante do cenário de excedente de açúcar no mundo empurrando os preços para a mínima de três anos, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) pode reduzir sua estimativa oficial para a produção de açúcar na atual temporada das 35,5 milhões de toneladas projetadas em abril para não mais do que o volume produzido em 2012, de 34,1 milhões de toneladas, conforme informações, do diretor-técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, divulgadas nesta semana.
Analistas esperam que a crescente demanda por etanol no mercado local absorva um volume maior de cana e reduza o excedente global de açúcar.
A oferta de etanol, que compete diretamente com a gasolina, aumentou junto com o andamento de colheita recorde de cana. A oferta maior reduziu os preços do biocombustível e tornou-o uma boa opção para os motoristas em termos de custo-benefício.
CAPITAL. Em junho, conforme levantamento do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o preço do etanol caiu 4,36% na comparação com o mês anterior, em Belo Horizonte. Foi a maior redução de preços entre os combustíveis, segundo levantamento feito pela entidade e que verificou o preço em 76 postos na cidade.
A gasolina comum, por exemplo, registrou recuo de 0,51%. A queda no preço do combustível derivado da cana-de-açúcar e a alta na demanda, conforme especialistas é um movimento é benéfico para a Petrobras, que tem sofrido prejuízos com a importação de gasolina a preços mais altos do que os praticados internamente, devido ao controle de preços imposto pelo governo.
O Tempo/MG